1936: O inesquecível I GRANDE PRÊMIO CIDADE SÃO PAULO

Às vésperas do XI GP Cidade de São Paulo, relembro aqui o I GP Cidade de São Paulo, realizado em 1936, de uma maneira sucinta, mas rica em informações.

– O MOMENTO:

O automobilismo brasileiro da época era conhecido mundialmente pelas corridas anuais da Gávea, no circuito carinhosamente chamado de “Trampolim do Diabo”; prova oficialmente denominada GP do Rio de Janeiro. Foram trinta e nove os inscritos para o IV GP da Cidade do Rio de Janeiro, no dia 07/06/1936. Dentre os dez estrangeiros veio (a conselho do piloto Hans Stuck) a sensação francesa Marriete Hélène Delange – Hellé-Nice – acrobata e dançarina de cassino, de 35 anos de idade, que se tornou hábil piloto de carros de corrida. Além dela, outros pilotos de renome internacional como os italianos Carlo Pintacuda e Attillo Marinoni da Escuderia Ferrari com os potentes Alfa Romeo e os argentinos Vittorio Coppoli e Vittorio Rosa. Dentre os brasileiros, Manuel de Teffé – vencedor da corrida inaugural – em 1933 – era o mais bem cotado com seu Alfa Romeo. Os paulistas, “rei do volante” dos anos 1920, Nascimento Júnior (Ford) e Chico Landi (Fiat) tinham carros menos potentes, mas poderiam surpreender. Mas quem surpreendeu foi o argentino Coppoli que venceu depois que o líder Pintacuda abandonou por quebra do diferencial e Teffé forçado a parar para trocar uma roda. Nascimento Júnior, Chico Landi, Marinoni e Hellé-Nice também abandonaram a prova.

– OS PREPARATIVOS:

Em quarenta e cinco dias, as autoridades paulistas em conjunto com a ACB (Automóvel Clube Brasileiro) idealizaram e concretizaram o grande evento internacional Grande Prêmio São Paulo, programado para o dia 12/07/1936.


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A corrida foi idealizada pelas nobres ruas do bairro paulistano Jardim América. Suas sessenta voltas de 4.250 metros cada criaram imensa expectativa para a população que finalmente teria uma corrida tão importante quanto a Gávea e também as provas disputadas na Argentina.

Ficou estabelecido que todos os pilotos que ainda estivesse na pista ao final da prova, deveriam completar as sessenta voltas regulamentares.

Todos os pilotos acharam o local da disputa magnífico e o trabalho de organização – com a experiência das autoridades obtida nas corridas anteriores da Gávea – impecável.

O serviço de trânsito, chefiado pelo delegado Costa Neto, foi sem nenhum tumulto, mesmo após o fatídico acidente no final da prova.

Durante toda a semana, a organização alertou o público ter consciência e disciplina no evento; para evitar acidentes…

Os ingressos foram vendidos antecipadamente nas lojas comerciais e no sábado no Club Athletico Paulistano.

O circuito tinha de um lado a Tribuna da Imprensa e de outro os cronometristas do ACB. Nas guias da calçada, fardos de alfafa para proteger os assistentes.

Cento e quarenta metros de arquibancada com 1760 lugares numerados foram montadas na Av.Brasil.
Vinte boxes foram montados do lado direito da Av.Brasil, em frente à Tribuna de Honra.

As ruas adjacentes ao circuito, foram fechadas com arame farpado e cavaletes.

A Associação dos Corredores do Rio de Janeiro, no dia 7, chefiada por Benecdito Lopes, pediu para que Teffé não corresse, pois a comissão negou inscrição de pilotos cariocas, enquanto auxiliava em dinheiro os corredores estrangeiros. Teffé respondeu que estava lá como esportista e não como político e que já na Gávea se comprometera com os amigos Pintacuda e Marinoni, a correr na prova.
Tivera ele concordado, uma caravana de dez carros iria buscá-lo em São Paulo.

– O TREINO DE RECONHECIMENTO:

Momentos antes da largada com os batedores de moto preparando-se para vistoriar a pistaA dois dias do certame, foi realizado um treino de reconhecimento do traçado. O piloto brasileiro Armando Sartorelli bateu na curva que liga a Rua Chile a Canadá ao derrapar e destruir seu carro numa árvore. Por muita sorte ele escapou ileso, mas seu carro…
Dezenas de pessoas se posicionaram nas árvores da Rua Canadá e com muito trabalho os guardas os tiraram de lá.

Além disso, a Guarda Civil teve muito trabalho, pois muitos torcedores atravessavam a pista expondo-se perigosamente nas calçadas das entradas de curvas do traçado.

Os mais rápidos foram os potentes Alfa Romeo 2.9l. Sport com 250 HP de Pintacuda e Marinoni, que atingiram nas retas da Av.Brasil 180 km/h – sem forçar-, pois a previsão era de ali, passar dos 200 km/h!

O argentino Vittorio Rosa estava com o seu novo Hispano-Suiza adaptado, enquanto o brasileiro Chico Landi com o fraco Fiat, comprado do argentino. Ambas duplas carro-piloto, já havia corrido na Gávea.
Nesse treino, na curva entre Av.Brasil e Rua Canadá, a piloto Hellé-Nice, a bordo do seu próprio Alfa Romeo Monza azul, ficou entre Oliveira Jr. e MacCArthy: para vibração do público presente, ela saiu na frente dos dois, mostrando toda sua perícia pelas estreitas ruas de São Paulo.

Devido ao grande público presente nas calçadas do traçado, Teffé treinou pouco, pois temia um atropelamento. Seu Alfa Romeo era do mesmo modelo de Hellé-Nice: 100 HP a menos que os favoritos Alfa Sport de Pintacuda e Marinoni.

Nascimento Jr. vencera o GP de Poços de Caldas e foi muito aplaudido nessas voltas de reconhecimento com seu Ford V8.

O vencedor da Gávea, o argentino Coppoli não foi bem, pois o motor de seu Bugatti estava falhando e daí também pilotou o Fiat (Escuderia Excelcior) de Chico Landi.

Nesse treino de reconhecimento, Pintacuda e Marinoni giraram em 2’9” e 2’10” respectivamente. Teffé cravou 2’30”, Hellé-Nice 2’45”, Coppoli 3’04” e Nascimento 3’05”.

O prefeito de São Paulo, Fabio da Silva Prado, deu duas voltas com Pintacuda nesse treino.

– A FORMAÇÃO DO GRID:

Dos trinta e oito pilotos inscritos, dezenove largaram sendo que treze destes participaram do GP Rio de Janeiro. Entre os que não largaram estava Quirino Landi, irmão do “Seu Chico”… A escolha de quem iria correr foi por uma computação geral de pontos relacionados ao desempenho de cada concorrente nos últimos anos.

A ordem de largada foi por sorteio. Devido ao grande favoritismo da Escuderia Ferrari, seu representante, Sr.Gilberu, propôs que seus carros, os Alfa Romeo de Pintacuda e Marinoni, largassem na última fila do grid. Não houve restrições e o fato foi concretizado…

Nenhum volante correu com o nº32 em homenagem ao piloto brasileiro Irineu Corrêa, falecido no GP do Rio de Janeiro em 1935. Por isso, Nascimento correu com o nº42 e não com o 32; de Irineu Corrêa.
Sorteados pela comissão, o grid de largada foi idealizado na formação 3-2-3, em frente a Praça América – junto a Tribuna Oficial – e teve a seguinte formação:

Primeira-Fila: nº. 2 Augusto MacCarthy (ARG) – Chrysler; nº4 Lourenço Ferrão (BR) – Hispano Suiza e nº6 Vittorio Coppoli (ARG) – Bugatti.

* Segunda-Fila: nº8 Manoel de Teffé (BR) – Alfa Romeo e nº10 Armando Sartorelli (BR) – Alfa Romeo.

* Terceira-Fila: nº12 Irahy Correia (BR) – Bugatti; nº16 – Seraphim de Almeida (BR) – Dulsemberg e nº18 Luiz Mastrogiacomo (BR) – Bugatti.

Quarta-Fila: nº20 Chico Landi (BR) – Fiat e nº22 Eduardo Oliveira Jr. (BR) – Ford.

* Quinta-Fila: nº24 – Antonio Lage (BR) Bugatti; nº26 – Vittorio Rosa (ARG) – Hispano-Suiza e nº28 – Virgílio Lopes (BR) – Ford V8.

Sexta-Fila: nº30 – Luiz Tavares Moraes (BR) – Ford V8 e nº42 Arthur Nascimento Jr. (BR) – Ford.

Sétima-Fila: nº34 Hellé-Nice (FRA) – Alfa Romeo; nº36 – Domingos Lopes (BR) – Hudson Bugatti e nº38 – Carlo Pintacuda (ITA) – Alfa Romeo.

Oitava Fila: nº40 – Attillo Marinoni (ITA) – Alfa Romeo.

Observações do Grid de Largada:

* O piloto João Alfredo Braga não pode largar por falta de segurança no seu Studebaker nº14.
* Luiz Mastrogiacomo alinhou no lugar do piloto Valentim Passadore.
* Virgílio Lopes alinhou no lugar de Santo Soeiro.
* O mecânico do acidentado Armando Sartorelli não teve tempo suficiente para arrumar seu carro e ele correu com o Alfa Romeo do piloto Gattai que não foi contemplado para largar.

– A LARGADA:

À meia–noite do sábado, milhares de penetras ocupavam os melhores lugares da arquibancada. A polícia teve muito empenho e trabalho para tirá-los de lá.
Pela manhã, cordas separavam o imenso público da pista, além das arquibancadas improvisadas estarem lotadas.
Programado para as 09h00min da manhã o evento teve a largada atrasada devido à expectativa da chegada do prefeito, Sr.Fabio.
Isso agitou o público que impaciente gritava “Está na hora”. “Está na hora…”.
Com os carros alinhados e a chegada atrasada do prefeito, a programada volta dos batedores com moto foi efetuada.
Ainda seguindo a programação, o Sr. Fabio percorre o circuito saudando o público. Já era 09h35min, quando ele dá um clarim concretizando a tão esperada largada, na Av.Brasil, em frente ao Automóvel Clube Paulista.

– O ESPETÁCULO INICIAL DOS FAVORITOS:

Clique aqui e veja o gráfico da corrida.

A Rádio Cruzeiro do Sul – Estação Oficial do ACB – comanda junto com mais 34 emissoras do Brasil, a transmissão da corrida para todo o Brasil.
Saindo da décima posição, Chico Landi passa à frente na primeira volta. Da mesma maneira espetacular, o favorito Pintacuda passa em oitavo e a badalada Hellé-Nice em terceiro enquanto Marinoni, mais discreto, em 15ºlugar.
Marinoni roda, cai para último, mas na quarta volta já é o 2º com Pintacuda liderando desde a volta anterior. A pouca potência do Fiat de Chico Landi o renegou ao 5ºposto. O italiano Marinoni roda de novo entre a Rua Canadá e Av.Brasil, danifica seu carro e perde posições ao ter que descer do carro para fazê-lo prosseguir na prova. Com isso, a sensação Hellé-Nice assume o 2ºposto seguida do brasileiro Manuel de Teffé. Para surpresa de todos, Pintacuda “dá uma mão” ao Marinoni, (o empurrando com seu próprio carro?) e ele reparte no 8ºposto!

– OS INCIDENTES:

A curva da Rua Canadá era a mais perigosa e além de Marinoni, lá derraparam: Teffé, Nascimento, Ferrão, Tavares e Sartorelli.
A poucos metros da tribuna oficial, Pintacuda passava por Eduardo Oliveira Júnior. Um espectador tentou atravessar a pista, mas foi seguro por um policial, evitando assim um acidente pavoroso.

– A ESTABILIZAÇÃO:

Hellé-Nice em seu Alfa Romeo nº34Na 6ªvolta, o líder Pintacuda começa a se afastar dos outros concorrentes, enquanto a segunda colocada, Hellé-Nice (foto), passa a ser pressionada por Teffé.
Sete voltas depois, o argentino Coppoli, vencedor da Gávea, abandona a prova e lá na frente, na volta seguinte, Attillo Marinoni recupera o 2ºposto, enquanto Pintacuda estabelece uma média de corrida em 107 km/h com uma vantagem de quase duas voltas sobre seu companheiro!

– OS PITS:

19ªVolta: O líder Pintacuda foi o primeiro a reabastecer. Ele volta ainda na primeira colocação. Na 28ª, o 2ºcolocado Marinoni também reabastece, voltando na 4ªcolocação.

– O CIGARRO:

Enquanto Landi perdia posições devido a problemas no seu Fiat, o líder Pintacuda já tinha duas voltas de vantagem para Hellé-Nice, a 2ªcolocada. E na 34ªvolta, Carlo Pintacuda surpreende ao entrar no pit. Muitos acharam que era o fim de corrida para ele – lembrando seu abandono na Gávea – mas, para espanto destes, ele simplesmente pede um cigarro!
“Nada como fumar e apreciar um ótimo cigarro quando se está liderando facilmente a prova mais nobre pelas ruas de São Paulo, não é mesmo?”

– O RÍTMO FORTE:

Marinoni está decidido a roubar o 3ºposto de Teffé, que assim pressionado, estabelece a sua volta em 3’33”. Em contrapartida, o italiano estabelece 2’18” e consegue ultrapassar o brasileiro. Num ritmo alucinante, Marinoni estabelece 2’17” na 39ªvolta e acelera em busca da francesa. A torcida se empolga com a resistência de Hellé-Nice, que fez de tudo para impedir a perda do segundo lugar. Alcançado novamente o 2ºlugar, com “apenas” duas voltas atrás do líder e parceiro Carlo Pintacuda, Marinoni não diminui sua tocada e, na 40ªvolta, crava a melhor volta da prova com 2’12”.

– A GARRA FEMININA:

Hellé-Nice pára na 50ªvolta para pôr gasolina e água, o que a faz perder o 3ºposto para Teffé na 52ªvolta.
A partir daí, a francesa tem 30” de desvantagem para o brasileiro e novamente empolga a multidão com seu desempenho. Faltavam somente quatro voltas para o final e Hellé-Nice tirava 5” por volta sobre Teffé!

– ÚLTIMA VOLTA e O DESASTRE:

Depois da reta oposta Hellé-Nice tinha 5” de desvantagem para Teffé e continuava a se aproximar do brasileiro em busca da 3ªposição. Ambos tinham duas voltas de desvantagem para o líder e uma para o 2ºcolocado.
Na curva da Av.Brasil esquina da Rua Atlântica Teffé abriu demais, perdeu tempo e Hellé-Nice emparelhou com ele. Ao entrar na reta final da Av. Brasil, Teffé ganhou distancia.
Atravessaram a Rua Colômbia.
Às 11h59min, Pintacuda atingiu a linha de chegada para vencer a prova a uma média de 104,45 km/h.
Aí a população se agitou para melhor enxergar a disputa entre Teffé e Hellé-Nice, pelo 3ºlugar.
Faltavam poucos metros para a chegada e Teffé foi para o lado direito da pista.
Na reta de chegada, Hellé-Nice, perturbada por um dos assistentes, perde o controle do seu bólido vai para o público à esquerda.
Dizem que um espectador se debruçou demais e jogou um dos fardos para a pista, o que provocou a perde de direção da Hellé-Nice. O carro deu duas voltas no ar e caiu adiante na pista. Hellé-Nice foi atirada do lado oposto, dez metros adiante, caindo em cima de um assistente que se encontrava próximo à equipe de cronometragem.
Já o mecânico da francesa, Sr. Arnoldo Binelli, afirmou que Teffé fechou Hellé-Nice no lado esquerdo, provocando o acidente.
Uma outra testemunha ouvida no processo aberto, disse que a francesa atropelou um guarda que estava solicitando à população para não avançar para a pista.
A própria Hellé-Nice, ao depor, não se lembrava daqueles dramáticos instantes…

– AS CONSEQÜÊNCIAS NO DIA:

Após o desastre, três aviões apareceram para transmitir informações a fins de orientar a população.
A última arquibancada da Tribuna de Imprensa havia se partido, devido ao peso. Felizmente ninguém se machucou.
O público invadiu a pista e os guardas foram bastante enérgicos para facilitar o socorro e evitar o pisoteamento às vítimas e também proporcionar a chegada dos outros seis carros que ainda estavam na corrida.
Notícias transmitidas pelo rádio ininterruptamente e vítimas prontamente socorridas.
A Inspectoria de Moléstias infecciosas enviou quatro ambulâncias para auxiliar no socorro das vítimas.
O saldo do acidente foi cinco mortes (dois soldados da Força Pública, dois militares do exército e um civil), sendo que dois guardas civis atingidos pelo carro de Hellé-Nice e um militar absorveu o impacto do corpo da francesa.

– O DIA SEGUINTE:

A apuração dos envolvidos teve o seguinte saldo final:
Cinco mortes, doze pessoas feridas graves incluindo soldados que estavam lá, para manter a ordem, dezoito feridos levemente e a estrela francesa Hellé-Nice que após o impacto teve comoção cerebral com 70 pulsações por minuto, escoriações no rosto, contusão no cotovelo e na região escapular. Nesse estado ela foi internada no Sanatório Santa Catharina. Ela se recuperou bem e recebeu alta dias depois.

– A SOLIDARIEDADE BRASILEIRA:

O acidente repercutiu na assembléia Legislativa. Em nome do Partido Constitucionalista, o Sr. Dante Delmanto, e em nome do Partido Republicano Paulista, o Sr.Alberto Americano, solicitaram um voto de pesar em nome das vítimas, da recuperação de Hellé-Nice e dos feridos. O presidente, Sr. Laerte de Assumpção, acata e aprova o requerimento de pesar.
A Radio Sociedade Record organizou e captou donativos à Hellé-Nice, para recuperar seu carro.
A Companhia de Revistas e Operetas Portuguesas realizou um espetáculo no Cassino Antarctica, cuja renda foi doada para os familiares das vítimas.
A Sociedade Rádio Mineira de Minas Gerais coletou fundos para as vítimas do desastre.
A população brasileira acatando as várias campanhas de Radio Record, se mobilizou em doações a favor das vítimas do desastre.
Surpreendeu o número de visitantes e telefonemas para o hospital, a fins de saber sobre o estado de saúde da carismática Hellé-Nice.

– O RESULTADO DA CORRIDA:

O vencedor Pintacuda com a multidão nas calçadas acompanhando sua passagemDevido à assistência que Pintacuda (foto) deu ao italiano Attillo Marinoni, durante a prova ele deveria ser desclassificado, conforme regulamento. Mas, a tragédia da última volta, a sua performance durante a prova e principalmente dele ser um dos principais convidados, a Comissão Esportiva do GP (Capitão Amadeu Saraiva, presidente: Dr. Vicente de Paulo Assumpção, secretário: Dr.Antonio Barbosa Bueno, conde Adriano Crespi, Silvio de Lara Campos e Pedro Valdassari), achou por bem somente multá-lo em 20 contos do seu prêmio, em favor das vítimas.
A acusação oficial do mecânico de Hellé-Nice contra Teffé aos comissários da prova não foi acatada e Manuel de Teffé não foi considerado culpado do acidente.
Devido ao acidente, ao fato de que os alguns concorrentes não puderam cruzar a linha de chegada e também à invasão de pista, somente seis carros foram oficialmente classificados:

1º)nº38 – Carlo Pintacuda (ITA) – Alfa Romeo 60 voltas – 104.45 km/h
2º)nº40 – Attillo Marinoni (ITA) – Alfa Romeo 59 voltas
3º) nº8 – Manuel de Teffé (BR) – Alfa Romeo 58 voltas
4º) nº34 – Hellé-Nice (FRA) – Alfa Romeo 58 voltas
5º) nº26 – Vittorio Rosa (ARG) – Hispano-Suiza 55 voltas
6º) nº42 – Arthur Nascimento Jr. (BR) – Ford 54 voltas.

– A PREMIAÇÃO:

1º Pintacuda: 50 contos
Taça Fabio Prado
Taça ACB
Taça de ouro Cerveja Caracu
Medalha Fraternidade Ítalo Brasileiro
Medalha de ouro oferecida pelo sindicato dos garagistas
Medalha de ouro pela Antarctica paulista
Cronômetro Universal Geneve
Casa Hanau
Prêmios Fanfulha: uma cigarrilha de ouro e uma taça de prata.

2º Marinoni: 25 contos
Melhor volta: 5 contos
Medalha Fraternidade Ítalo Brasileiro.

3º Teffé: 15 contos
Premio Diário da Noite 10 contos
Premio Sudam: Vencedor nacional
Melhor tempo de brasileiro: 1ª a 10ªvolta= 2 contos
Idem 11 a 20, 21 a 30, 31 a 40, 41 a 50.
Medalha de ouro: Electrochimica Saturnia
Medalha de ouro Antarctica paulista
Taça ACB
Relógio de ouro oferecido pela Gambarotta
Radio Console Cruzeiro dado por Byington & CIA: melhor brasileiro na 20ªvolta.

4º Hellé-Nice: 5 contos.

5º V. Rosa: 5 contos.

6º Nascimento: Premio Sudam.

– INTERLAGOS:

A declaração de Manuel de Teffé no dia seguinte: “Uma coisa me comoveu: o público paulista torceu para Manuel de Teffé com um entusiasmo que eu jamais vi no Rio” e o grave acidente na última volta impulsionaram a construção do autódromo de Interlagos, inaugurado em 1940.

Foi isso…
Feliz 2009 a todos,
Sergio Sultani.
Diretor de História e Estatística da FASP.

Clique aqui para ver a matéria que conta a história do Autódromo de Interlagos.

Bibliografia e crédito das fotos: Arquivo Público do Estado.

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