Entrevista: Dárcio dos Santos.

Ele já foi piloto de kart, de automobilismo e campeão nas duas modalidades. Conheça um pouco da carreira de Dárcio Gonçalves dos Santos, ex-piloto, hoje dono de equipe, tio de Rubens Barrichello e empresário de sucesso na construção civil.

1. Quando você começou, seu irmão Laércio já corria?
Laércio correu de Gordini nos anos 60, depois nos anos 70 correu de Divisão 3. Eu comecei no kart e ele corria na Divisão 3. Nós torcíamos muito um pelo outro. Ele fazia os motores com o Amador, meu amigo até hoje. È um dos grandes preparadores de motor Volkswagen que temos no Brasil. Junto com o Laércio corria o Amador Campos, o outro Amadeu de São Bernardo, Ricardo Mogame, Guaraná, Ingo, Milton Amaral, Edson Yoshikuma. Não lembro muito do nome das pessoas que corriam com meu irmão mas, eram super-pilotos para mim; pilotos que eu considerava os melhores do Brasil.

2. Quem os incentivou para serem pilotos profissionais?
Eu nasci em Interlagos. Minha mãe mora até hoje entre as Curva 1 e 2 do autódromo A nossa influência foi por morar ali perto. Íamos sempre assistir corrida. Entrávamos por uma tubulação de águas fluviais e saíamos dentro do Box. Eu era um “rato de pista” realmente. Freqüentávamos muito a escola do Pedro Victor Delamare. Víamos lá o Emerson Fittipaldi. Depois a escola ficou com o Wilson e o Victor e o Mamelão que trabalhava com eles nos levava para dar uma volta em Interlagos de caminhonete, sempre no final da escolinha. Aí acompanhávamos o Emerson, o Pace, o Marivaldo Fernandes, o Fitti-Porsche, o Volkswagen de dois motores do Emerson e todas aquelas “coisas loucas” que sempre apareciam.Eu era o primeiro a ver, a saber como é que andava, como é que não andava,

3. Você começou no kart com 13 anos de idade em1972.
Antigamente os karts corriam no retão de Interlagos com pneus colocados. Lá corriam o Carol Figueiredo que é pai do Nonô, O Emerson, o Wilson, Moco, Antônio Carlos Lopes, Waltinho Travaglini, José Lotfi, Renê Lotfi , Manfredo Holchaer, Stanter, Marcos Troncon com motor Macure que era um motor antigo.
Eu vi o kartódromo ser construído. Aí eu sempre dizia – um dia eu vou correr nessa pista, um dia eu vou correr… Eu não saia Dalí. O kartódromo acabou de ser construído em 1969, 1970 e eu quis esperar ainda, pois naquela época só podia correr a partir dos 14 anos de idade. Aí em 1972 eu dei uma enganada na Federação dizendo que tinha 14 mas eu comecei com 13 anos. Fiz a escola do Carol Figueiredo, Escola Paulista de Kart, a ESPA.

4. Você lembra com quem foi, onde e como foi seu acidente na estréia de kart?
Sim. Na minha primeira corrida tive meu primeiro acidente. Eu tive a infelicidade de capotar no final da reta da arquibancada, que antigamente tinha um “S” ali. Bati num kart que era modelo antigo, estilo banheira. Naquela época estavam começando os karts modelo novos e corriam os novos com os antigos. Era fácil subir em cima do estilo banheira e virar, capotar. Eu capotei, quebrei a perna com fratura exposta. Foi uma coisa de louco pois tive que ficar noventa dias engessado sendo que um mês e meio com gesso até aqui em cima no fim da coxa e um mês e meio com a botinha. Foi feio o negócio… Recuperei e não via a hora de voltar. Quem cuidava do meu kart na época era o Vieira e o Noda Araçá. Eles deixaram o kart pronto em uma semana. Eu ia de muleta até lá e ficava olhando aquele kart e não via a hora de estar lá, não via a hora de ficar bom da perna. Aí voltei no final de 1972 para fazer algumas corridas e em 1973 entrei no campeonato “prá valer”. Eu queria é correr, nem sabia quantos pontos eu tinha ou deixava de fazer. Mas em 1975 acompanhei com mais seriedade e conquistei novamente o brasileiro e também fui campeão paulista.

5. E a reação de seus familiares?
Meu pai me apoiou muito no kart. Em 1975 eu corri em duas categorias: na 100 e na 125 cc. Eu tinha dois karts, dois ou três motores para cada categoria. Eu era um cara bem ocupado dentro das competições. O kart ficava na minha própria casa. Eu mesmo que revisava com a ajuda de um mecânico, eu desmontava o eixo, tirava o motor, alinhava o motor, colocava o motor, fazia o alinhamento do kart, regulava a posição do banco, calcinho de arruela prá cá, calcinho de arruela prá lá. Naquela época não tinha muito recurso como hoje em dia. Naquele tempo era na base das arruelas. Com isso tudo eu tomei muita noção de carro de corrida por intermédio do kart, pois passei a conhecer os segredos do esporte a motor. O kart foi que me ensinou muita mecânica.

6. Você tinha patrocinadores no kart?
Eu mesmo corria atrás das coisas. Eu consegui patrocínio da madeireira chamada Planalto. Fui lá e falei que se me patrocinassem iria sair nos jornais, ter divulgação. Fui também no Curso Universitário, Eu ia em tudo que era lugar, me virava para pegar um pouco aqui, um pouco ali. Se o cara não pudesse dar oitenta dava oito e eu pegava. Eu punha plaquinha, nome, tirava fotografia, ficava exposto para autógrafo, ia na escola e fazia ôba, ôba, palestra de como obter sucesso no esporte… Putz. Eu fazia de tudo para obter dinheiro e colocar o kart na pista. e; “vamu que vamu”…

7. Em 1976 você ainda estava no kart?
Passei para a categoria A, categoria POP (Piloto Oficial de Competição). Hoje é Graduados A. Eu me sentia muito novo frente aos grandalhões, tipo Chico Serra, Waltinho Travaglini, Toninho da Matta, Jorge de Freitas – hoje dono da equipe de Stock Car -, Jayme Figueiredo, Alexandre Negrão, Guto Negrão… Pô eu me sentia com medo, até. Antigamente os Campeonatos Brasileiros eram realizados em julho, o que facilitava estar mais habituado com a categoria. Dessa vez foi em janeiro e eu não estava nem um pouco familiarizado com a categoria pois tinha acabado de mudar. Fiz o quarto tempo o que me deu o direito de ser cabeça de chave D com pole. Tinha muito kart naquela época e daí, corria chaves contra chaves para depois fazer uma final. Na final, olhei para trás e só vi “fera” no grid. O piloto tinha que empurrar oi kart. Eu era molequinho e chovendo eu não consegui empurrar meu kart sozinho, rodei e eu tive que abandonar. No Campeonato Paulista em Interlagos fazia bons tempos, andava sempre na frente e disputava pau-a-pau com Chico Serra, Manfredo Holchaer, Ayrton Senna, Maurízio Sala e chegava em 2º, 3º ou 4º. Era difícil ganhar do Ayrton Senna. O Ayrton voltou do Mundial de kart e trouxe uma técnica que tinha o Mario Sergio de Carvalho. Aliás, eu ensinei o Mario Sergio andar de kart na chuva,. Eu saía na frente com ele atrás e assim ensinei ao Mario Sergio muita coisa. O filho do Maneco mesma coisa, o Paulo César Sales idem. Mario Sergio foi grande piloto de kart. Era o único que tinha chances de bater o Ayrton Senna.

8. E em 1977?
Em 1977 e fiz algumas corridas de kart e tive a promessa do meu pai que se eu entrasse na faculdade, eu iria para as corridas de carro. Então me dediquei muito aos estudos para entrar na faculdade e também correr de fórmula. Daí entrei no fórmula no final do ano e abandonei o kart na metade do ano, vamos dizer assim. Estrei na Fórmula-Vê (1300) no Rio de Janeiro e em 1978 fui campeão paulista de F-Vê e vice-brasileiro. Tenho o Troféu guardado com muito carinho até hoje e foi entregue nas minhas mãos pelo Orlando Casanova, presidente da federação, um grande entusiasta do esporte a motor.

9. Em 1978 você foi para a F VW1300 conseguindo a 3ºcolocação no Brasileiro com o carro Heve. Como foi essa decisão de ingressar na categoria e qual era a sua estrutura para o ano inteiro?
Minha estrutura era um carro e uma caixa de ferramenta. Quem me ajudou muito foi o pai do Tony Kanaan. O pai dele era diretor-presidente de uma empresa chamada TNT, de transportes. Ele quebrava um galhão para mim levando meu carro. Era uma dificuldade tremenda para ele, coitado. Porque ele fazia de filial à filial. Por exemplo, de Guarulhos para o centro de Porto Alegre. E ele me levava o carro até Tarumã. Era uma logística complicada para ele. Ele sempre me deu essa “força”. Ele gostava muito de corridas e incentivou muito o Tony na carreira dele. O pai dele é um cara excelente, excepcional, afins de ajudar todo mundo… Torço muito pelo Tony. Ele nem sabe disso. Na verdade o pai dele me ajudou muito, muito mesmo. Eu devo a ele e aquilo que ele fez comigo.
Fora isso, o José Vicente que hoje trabalha com o Amador, trabalhou comigo em 1978 e em 1979 era o Joel Queiroz. Em 1979 e 1980 passei para a Super-Vê e fui vice-campeão da Vê em 1979.

10. Como foi recebido o acidente fatal do piloto Antonio Castro Prado entre vocês pilotos?
Nossa…Eu estava lá nesse dia, em Guaporé. Lembro bem que na semana anterior ele fez uma festa no sítio dele aqui no interior de São Paulo. Chamou todo mudo; parece que a coisa estava marcada… Coisa inacreditável. Todo mundo foi lá no sítio dele, perto de Campinas. Foi um churrasco e uma confraternização com ele maravilhosa. Uma ou duas semanas depois tivemos a corrida de Guaporé. Após todos os treinos encerrados ele foi verificar alguma coisa no carro e o sol do final da tarde impediu que ele enxergasse uma cancela de madeira que estava na frente da saída dos boxes, fechada e fatalmente ele morreu ali. Eu não saí para esse treino extra. Alguns saíram. Eu fiquei olhando as pessoas treinarem. Todos eles saíram pela entrada do Box, na contra-mão e colocaram o carro em pista.Ele não tinha percebido isso e saiu pela saída normal e a cancela estava fechada. Naquele ano de 1981 eu tinha 21 anos de idade. Eu era “mulecóide” de tudo. Eu não quis nem chegar perto. Eu tinha medo. A morte para mim era uma coisa horrorosa. Até hoje é; lógico. Não sei encarar isso… Lembro que o Vital Machado foi até o hospital , foi até o hotel pegar roupa para trocar. Eu fui no enterro dele. Mesmo assim, realizaram a corrida. O Guaraná ganhou a corrida. Sei que fui ao pódio e não teve champanhe, não teve nada, em respeito ao fato e coisa de louco coisa de louco, pelo amor de Deus. Aquilo ficou na minha cabeça por muito tempo. Ficou porque eu vi o carro todo quebrado. Na hora que ele bateu o carro se desgovernou para a direita, cruzou a pista e caiu na cerca, no lado de fora onde fica o público fazendo hoje. churrasco, chimarrão. Quem pegou ele foi o Zereu mecânico dele, hoje é mecânico na Stock Car, o Anésio que também trabalhava com ele, hoje é dono de uma equipe na Stock Car e o Etevaldo que trabalhava com ele, hoje é um conceituado mecânico na F3 inglesa. O apelido dele é Téo Lopes. Pelo amor de Deus. Mexeu muito comigo aquilo lá.

11. Você foi campeão brasileiro de F2-Brasil em 1981. Fale um pouco da corrida do Rio de Janeiro, onde o título foi decidido.
Eu tinha que vencer a corrida e tanto o Alfredo Guaraná quanto o Vital Machado não terminarem ou chegarem numa certa posição para trás. O Vital tinha um patrocínio da Staroup e ele gastou uma determinada quantia de dinheiro na atualização dos amortecedores Coni do carro dele que estava muito bom para aquela corrida. E o Guaraná estava “endiabrado”. Estava andando muito bem. Guaraná sempre andou muito bem. Ele era para ter ido à F1.Eles bateram e aí pensei: “pô o campeonato sobrou para mim”. Mas meu carro estava tão ruim e cheguei em 2ºlugar. Quem venceu foi o Francisco Feoli. Era um cara que nunca ganhou corrida e ganhou aquela corrida. Ele já tinha uma idade mais avançada que a molecada e corria por hobby. Ele tinha várias lojas de fotografia em Porto Alegre, tinha patrocínio da Kodak. Era uma rede: umas quarenta a cinqüenta lojas. Ele corria só de vez em quando e ganhou a corrida. Aí eu arrumei uma brecha no regulamento para protestar o carro do Feoli e dessa maneira eu seria campeão. Mas eu estava muito chateado por protestar alguém. Eu pensei: se eu cheguei em segundo é segundo. Não queria protestar para me beneficiar. Até hoje não sei fazer isso. Eu sou muito bonzinho, eu não sei prejudicar ninguém. Falaram da bomba d’ água dele, a altura da asa em relação ao solo, distância da asa do eixo traseiro irregular, e outras mais. Eu acabei indo na onda dos outros: “protesta”,” protesta” “protesta” e acabei protestando sem vontade. E sendo assim, não corri atrás dos meus direitos. Na hora eu ganhei, venci e eles apelaram e ao final de tudo, o campeão foi o Guaraná merecidamente e eu fui vice, pois eu não entrei com recurso contra o recurso dele. Ele andou muito bem o ano todo e mereceu o título. Então eu fui campeão por um ano e depois me puxaram o título. Enfim. não tenho mágoa de ninguém, tenho amizade com todos, respeito a todos, ao Guaraná, ao Nelson Piquet e a todos que estavam envolvidos no esporte a motor junto comigo: o Vital Machado, Cesar Pegoraro, e todos os outros craques daquela geração.

12. E depois?
Bom… Em 1982 fui 4º no Brasileiro de F2-Brasil e em 1983 começou a esvaziar o grid e daí eu decidi não correr e me dedicar aos negócios. Deixa prá lá, está difícil conseguir patrocínio… Foi um ano meio fora das coisas. Em 1984 corri só algumas corridas e em 1985 voltei com o Campeonato Sul-Americano. Foi o ano que começou a juntar brasileiros e argentinos, embora tínhamos grande defasagem de equipamento , pois ele corriam com a avgas, gasolina de avião e nós corríamos de álcool. Assim, nós éramos figurantes. Os argentinos tinham um ”motorzaço” em relação aos nossos. Mesmo assim peguei pódio em Buenos Aires onde liderei boa parte, em Puenta De Leste, em Rafaela onde eu gostava muito de correr lá, Brasília..
Em 1988 igualou o regulamento e as coisas começaram a ficar boas para o nosso lado. Todo mundo de gasolina de avião, carro de F3 mesmo, regulamento internacional e eu voltei a andar com um Reynard.

13. Correr na Europa nunca fez parte de seus objetivos?
Em 1980 meu pai faleceu quando eu estava vendo a possibilidade de correr fora. Aí eu acabei desistindo. Naquela época não tinha fax, não tinha e-mail; era tudo na base da carta ou telefone. Eu escrevia carta para o Chico Serra que estava correndo na F-Ford, na Van Diemen. Perguntava como era, se o “cara” era “gente boa”, se eu poderia ir fazer uns testes e tudo mais. A carta demorava para chegar na Inglaterra e quando ele me mandou uma carta de volta para eu ligar para ele já havia passado um ou dois meses. Aí eu fui atrás de patrocínio. Eu falava que ia para a Europa, arrumava de um lado. Perdia do outro e acabei não indo.

14. Explique o porquê você é tio de Rubens Barrichello?
Sou irmão da mãe dele.

15. E parou de correr quando? O que pesou na decisão?
Em 1991. Aí falei: Não vou mais procurar patrocínio. Chega! No começo, quando a Volks premiava largada, chegada, melhor volta mais não sei o quê, eu usava o dinheiro para me preparar para a corrida seguinte e assim ia. Pagava o preparador, levava todo mundo. E era assim que eu me virava. Nesse ano de 1991, o Brasil estava numa crise muito grande. O dinheiro começou a fica escasso. O dólar subiu muito e os patrocinadores não tinham dinheiro aí eu decidi não correr mais.

16. Fale um pouco da história de sua escuderia Propcar?
A palavra PROPER é que deu origem ao nome Propcar. É tudo que vai para frente, correto, respeitável, tudo que tem propulsão. Se Deus quiser a Propcar vai muito para a frente ainda. Comecei em 1978-1979. Era dono da equipe, tinha meu mecânico e ia pra lá e pra cá correr. O Mauro Fauza era o outro piloto. O que ele me pagava para transportar e fazer a manutenção do carro dele eu me virava: comprava pneus novos para o carro, Em 1981 na F2, eu alugava um carro para o cearense Fernando Macedo que chegou a correr na Europa. Ele era dono da farinha Dona Benta. E aí eu me virava. Eu sambava para me virar… Em 1985 voltei no campeonato sul-americano patrocinado pela Ellus e Golden Cross. O dono da Ellus era um cara muito gente boa. Era o Nélson Alvarenga. Era crânio, empresário de primeira linha, está no mercado de jeans até hoje. Ele pediu que eu trouxesse um companheiro de equipe do Chile, pois estava lançando a marca Ellus lá. O único que conhecia era o Eliseu Salazar. Ele já havia corrido de F1, estava parado e topou correr de F2 na Propcar, como meu companheiro de equipe.Ele é gente boa também. Encontrei com ele em 2008 nos Estados Unidos. Foi uma satisfação grande. Tinha patrocínio da Golden Cross também e que patrocinava o Vasco da Gama também. Fiquei amigo do jogador Roberto Dinamite do Vasco: eu ia aos jogos do Vasco e Dinamite ia aos autódromos andar de F2. Era muito legal… Em 1992 e 1993 eu parei. Em 1994 a F3, que também passara pela crise, voltou com outro ânimo e eu fiz o campeonato brasileiro sendo campeão na Light com o piloto Perez. Em 1995 comprei um Dallara modelo 94 e o Max Wilson foi vice-campeão sul-americano. No ano seguinte, o Marcelo Ventre foi terceiro no campeonato sul-americano. Em 1997 tive o Bruno Junqueira campeão. Em 1998 o Duda Pamplona vice. No ano seguinte novamente vice. Em 2000 houve mudança nos carros e aí vai… Já estamos em 2009, e hoje, o Ferreirinha faz motor para mim.
Olha, a amizade que eu construí nesses anos todos, não tem preço. Não tenho inimizade com ninguém. Não tenho inimigos, só tenho amigos. Admiro a todos, desde o pequenininho lá trás até o Ingo Hoffmann.

17. E de seu cargo de dirigente no automobilismo?
Eu era presidente da SBAB, Sociedade Binacional Argentina Brasil. Formada pelos donos das equipes: eu, o Cesário – Formigão-, Amir, Muffato, Ricasse, Furlan, ou seja, algumas equipes brasileiras e outras argentinas. Tinha um advogado indicado por mim, o falecido Roberto Camargo e cada equipe entrou com um montante de dinheiro para criar a SBAB. Com toda burocracia existente do MERCOSUL, Roberto conseguiu formar essa empresa sul-americana. No início era presidida pelos argentinas e depois eu fui presidente por quatro anos e depois alguns saíram. Em 1997, a SBAB conseguiu o patrocínio da Bridgestone-Firestone para a ESPN Internacional transmitir a F3 sul-americana para cinqüenta países. Hoje quem comanda são os argentinos e nós fundamos uma nova: Associação de Equipes de F3, na qual o Cesário é o presidente e eu sou o vice.. Tomara que a crise financeira que assola a Argentina e nós voltemos a ter pilotos argentinos nos campeonatos sul-americanos, como nos anos 90.

18. Seus filhos não pensam em correr?
Tenho duas filhas de 26 e 24 anos e o Pedro de 17 que não gosta de corrida. Há dez anos atrás comprei tudo para ele treinar lá na Granja, de kart, mas não quis saber: ficava com dor de cabeça, ânsia de vômitos aí eu deixei prá lá…

19. E para encerrar, e o Rubens Barrichello?
Ele é muito bom, alegre. Ele nasceu para ser piloto. É nato isso. Eu botava ele no colo para andarmos de kart pela pista inteira. Ele queria que eu andasse sempre mais rápido:
– Oh tio, dá pra fazer aquela curva de pé embaixo?
Eu respondia: – Meu, segura firme que dá.
Ele segurava no volante e no meu colo !
O tratamento que a Europa dá ao Rubens Barrichello é muito diferenciado do que vemos no Brasil. Todos têm um carinho muito grande por ele. Veja bem: somos um país sul-americano e eu viajo muito para nosso vizinho, a Argentina, para disputar corridas da F3 sul-americana. Na Argentina ele tem um respeito imensurável. O argentino tem uma outra cultura. Quando chego lá, todos perguntam pelo Rubinho, torcem por ele. Pô, no mundo inteiro, é diferente o tratamento que o brasileiro dá a ele. Infelizmente esses blog´s, essas coisas que tem hoje em dia é de gente que opina e que não conhece automobilismo. Eu respeito todos, cada um tem sua opinião, a imprensa é livre, cada um pode opinar aquilo que quer. O Rubens Barrichello merece todo nosso respeito, nosso carinho, nossa admiração pois é um baita de um piloto! Ele tem muito conhecimento incrível e de tudo: de pneu, de amortecedor, de mola, de tração, de câmbio, de motor, suspensão, chassi, freio, de cambagem, convergência, aerodinâmica, mecânica, ou seja, tudo onde melhorar um carro. Ele dá uma aula de esporte a motor, a qualquer um que seja! Hoje ele é um matemático, sabendo a hora certa de parar, de ultrapassar, de acelerar. Ele dá as dicas para o engenheiro: o que, como e porquê tem que mexer. O engenheiro não sabe tudo aquilo que ele sabe. E outra: ele não erra, tem uma concentração incrível e é um grande acertador de carro. Acho que tudo isso é um bem de família, não é?

Sergio Sultani.

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