Campello – O piloto com visão especial: o futuro brasileiro.





Untitled Document

Ele foi empresário na GM, na TV Bandeirantes, chefe de equipe, piloto e sempre trabalhou em prol de inovações divulgadoras, com idéias e ações concretizadas para a popularização do automobilismo brasileiro no Brasil e até na Europa.
Aqui preparei o resumo de um bate-papo descontraído e agradável com ele, Sr. Reinaldo Campello. Conheça abaixo um pouco mais sobre esse ex-piloto, hoje, fazendeiro e… De bem com a vida.

O início nas competições.

  • Foi em 1973. Eu corri na Divisão 1 com Chevette (eram carros praticamente Stander) e na Divisão 3 com Opala da GM, na qual eu era diretor da Concessionária Itacolomy Automóveis. Naquele ano a GM não nos apoiava. Nós comprávamos os Opalas da GM, com banco , estofamento, etc. Tirávamos tudo isso com o objetivo de preparar o carro para as corridas da Divisão 3.

O piloto chefe de equipe:

  • – No ano seguinte, 1974, comprei um Opala Divisão 3 do Antônio Castro Prado que correu no ano anterior e mais um do Anísio Campos, da equipe Hollywood. Daí a nossa equipe Itacolomy ficou com 2 Divisão 3 e 4 Divisão 1. O profissionalismo era grande e a equipe Itacolomy tornou-se muito forte. Daí eu precisava de outro piloto, além de mim.  E o santista Edgard de Mello Filho, que não saia da Concessionária Itacolomy, foi o piloto que escolhi.

O sucesso da equipe Itacolomy:

  • – Estreamos no Campeonato Brasileiro Divisão 3, no autódromo de Goiânia. A pista era nova e ponteei a corrida em 52’ até que quebrou meu diferencial. Quem ganhou a corrida foi o Edgard de Mello Filho, meu companheiro de equipe, com problema de freio. E eu acabei em 6ºlugar. Com a vitória, o Edgard fez 20 pontos e eu zero. No domingo, à meia-noite, houve outra corrida em dupla com o Edgard de Mello Filho. Daí, me dediquei ao Campeonato Paulista de Divisão 3, tanto é que nem fui correr em Fortaleza. Outra prova significativa para a equipe Itacolomy naquele ano, foi os 500 Km. de Interlagos, alinhando três carros (eu, Edgard que foi 2° e Norberto Januzzi). Corri duas provas de Super-Vê após comprar um Avallone. Foi no final do ano e me lembro que Nelson Piquet ficou em 10ºlugar em uma delas. Naquele ano, Marcos Troncon foi o campeão brasileiro da Super-Vê. Mas a vitória mais significativa foi às 25 Horas de Interlagos. Convidei (e paguei-os) Wilson Fittipaldi e Ingo Hoffmann para fazerem parceria comigo no meu Opala 4100cc, nº184, (Itacolomy-Safra). Vencemos a corrida… Foi uma vitória histórica do Opala 250S e uma significativa derrota dos poderosos Maverick´s V8 da Ford. Coloquei 4 Opalas Divisão 1: um era eu o Wilsinho Fittipaldi e o Ingo Hoffmann, outro com os pilotos Edgard/José Rubens Coutinho Romano “Coelho” / Alex Dias Ribeiro/ Alfredo Guaraná Menezes, o terceiro Opala tinha o Jan Balde/Fausto Dabbur/Bob Sharp e o último (tiraram 3ºlugar) foi pilotado pelo Nei Faustino/Amândio Ferreira “Gigante” /Anésio Hernandes.  No final do ano, o Edgard foi campeão Brasileiro de Divisão 3 encima do Maverick Berta, preparado pelo argentino Orestes Berta, da escuderia Hollywood, pilotado por Tite Catapani. E eu fui vice-campeão paulista também na Divisão 3 O campeão foi o Ciro Cayres com um Opala livre, feito na GM. Em resumo: no ano de 1974, ganhamos às 25 Horas de Interlagos Divisão 1, fomos campeões Brasileiro de Divisão 3 com o Edgard e vice-campeão paulista da Divisão 3, comigo.

Na GM, ao estilo inglês “Stirling Moss”:

  • Eu corria de Opala e era da concessionária Itacolomy da General Motors.  Eu não tive a chance como Paulo Gomes, por exemplo. Quando o Maverick era melhor que o Opala, ele corria de Maverick. Quando o Opala ficou melhor tecnicamente em função de suspensão, etc, ele passou a correr de Opala. Eu corri de Opala numa época que o motor V8 do Maverick era muito mais forte que o Opala 6 cilindros. A mesma coisa na Super-Vê. Era desagradável eu correr na categoria que era patrocinada pela Volkswagen e eu sendo funcionário da concessionária General Motors.

E a velha e boa Divisão 3…

  • Em 1975, fui 5º Campeonato Paulista e 6º no Brasileiro.O nosso preparador era o Maranhão e o mecânico, Caíto,muito competentes na nossa equipe. Lembro que nas 25 Horas de Interlagos (Divisão 1) finalizei em 10º com o Júlio Tudesco/Rubens Romano “Coelho” pilotando nosso Opala (Escuderia Itacolomy). Em outra prova de longa duração, – 12 Horas de Tarumã -, eu e o “Coelho” terminamos na 2ªcolocação. De 1973 até 1976 corri de Divisão 1 e Divisão 3. Acabei 1976 na 7ª colocação na Classe B e passei um apuro, quando estava em 1º nos 1000 Km de Brasília de 1976 e acabou o freio. A chegada do Box lá é em descida e tive que ficar bombeando até o pé no chão… Mesmo assim, nosso Opala nº45 (Adempar/Americana) em dupla com Arthur Bragantini , finalizou na 4ªcolocação. No final de 1976, acabou a Divisão 3 e ficou só a Divisão 1. Eu que era muito ligado aos regulamentos e gostava das coisas justas e corretas, fiquei um pouco decepcionado com isso. Por quê? Porque a Divisão 3, embora sempre foi muito cara, era de uma preparação livre. Motor de Opala era muito mais rápido que os da Stock Car que foi criada em 1979. Eram 3 carburadores Weber 48, comando roletado, balancim roletado, cabeçote argentino feito pelos melhores preparadores. O motor do carro era de 450 cavalos e recuado em 45 cm. entre eixos, Pneu era o da Fórmula 1, câmbio de 5 marchas, com relação completamente diferente da Stock Car de hoje. Se tivéssemos uma Divisão 3 hoje, ela ia andar muito mais rápido que a Stock Car atual. Os motores de hoje (limitados) – que o Zeca Giaffone aluga para todo mundo na Stock Car- teriam por volta de 600 cavalos, no mínimo !

E antecedendo a criação da da Stock Car…

  • – Em 1977, venci em Goiânia, mesmo com problemas no freio, com nosso Opala Itacolomy nº30, preparado pelo Washington Bezerra. Houve a crise do álcool e a primeira corrida a Álcool do Brasil foi no Rio de Janeiro no chamado Festival do Álcool onde correram todas as categorias do Brasil. No final do ano, com a desclassificação de Ricardo Soares na penúltima prova (RJ), acabei em em 3º na Classe B. Até 1976 a Ford também disputava o campeonato de Divisão 1, mas as provas de 1976 e 1977 fizeram com que acabássemos com os até então competitivos Ford´s. E em 1978, a Divisão 3 voltou como regional em São Paulo, Curitiba e Rio Grande do Sul.

1979: Eu criei a Stock Car.

  • – Como já relatei, eu era concessionário GM (Itacolomy Automóveis). Acabamos com os Maverick´s em 1976-1977. Começamos a forçar a barra na GM; eu tinha muita força lá.  Fui conversar com o diretor de marketing da GM – Gilberto Barros- e sugeri a ele para criarmos uma categoria mono-marca só com Opala e a GM patrocinaria. Até então, a GM não queria saber de apoiar o automobilismo, ao contrário da Volkswagen. Ele acatou minha idéia e daí, o responsável para a GM entrar no automobilismo fui eu. Não são essas pessoas que apregoam por aí e estão dirigindo a Stock Car hoje. Estes são pára-quedistas que foram entrando durante o caminho.. A GM fornecia os carros já sem nada –sem estofamento, banco- e daí o preço era especial. Nós não inventamos nada. Nós fizemos uma continuação da Divisão 1. A primeira prova de Stock Car foi em Guaporé. Correram 9 carros e Ingo Hoffmann não correu porque seu Opala não ficou pronto a tempo. Era patrocinado pelo Jornal da Tarde e Pompéia. O Jornal da Tarde quem pagava era a GM, por trás. Outro carro que a GM pagava era O Globo, do Raul Boesel. Essa prova ganhou o Afonso Giaffone. Já a segunda corrida correu 10 carros. Na etapa de Fortaleza, deram uma leve batida na traseira do Opala (nº30, Primarca/Itacolomy/CCE). A presilha que prendia era de borracha (2 borrachinhas), quebrou e abriu o porta-malas. Eu ia ganhar a corrida, mas o Bruno Brunetti que era o comissário esportivo me fez parar no Box para amarrar o porta-malas e perdi a corrida. Ao final do ano, fui 3ºcolocado no Campeonato Brasileiro.

 

Pilotos e gerenciamento da Equipe Itacolomy:

  • – Quarenta e seis (46) pilotos correram de graça na Itacolomy. Nunca o Brasil teve uma equipe assim!  Todos de graça, hotel e viagens pagas. Não era que nem hoje que tem que arrumar patrocínio para tudo. Era eu –Itacolomy- e às vezes o Safra, a Spool, a Rede Bandeirantes de Televisão. O patrocinador era eu e os pilotos não pagavam nada para correr. Eles ganhavam os prêmios de chegada e alguns até tinham pró- labore, como Ingo Hoffmann, Alex Dias Ribeiro, Wilson Fittipaldi, Alfredo Guaraná, Edson Yoshikuma, Cláudio Girotto que era grande motoqueiro.

O poder da televisão:

  • – Em 1980, convenci Gilberto Barros de ao invés de patrocinar uma página no Jornal da Tarde e uma página no Globo no dia seguinte da corrida, ele patrocinar a televisão, na corrida. Assim meu carro em 1980 era Rede Bandeirantes/Smirnoff. A GM pagava a Bandeirantes pelas transmissões e a Bandeirantes me devolvia 40% desse total. Daí, esta é a maior prova de que quem fez a Stock Car não foram essas pessoas aí que estão apregoando que são seus criadores. Fui eu. Eu que dei a idéia, eu que incentivei e eu que arrumei e pus a televisão para transmitir ao vivo. Até então não existia transmissão de corridas brasileiras ao vivo pela TV. E hoje, você sabe a audiência que dá isso… Nesse mesmo ano, venci a 6ª.etapa da Stock Car em São Paulo com o Opala nº11 (Rede Bandeirantes/Smirnoff/TransBrasil). Fui 2º em Goiânia – corrida longa- com Antônio Castro Prado (Opala nº8). Na Divisão 1, fui 2º nos 1000 Km. de Brasília (31/08/1980), tendo como parceiro o Lara Campos. Eficiência da minha equipe nas paradas de Box, nos ajudou a chegar nesta colocação. No final do ano, fiquei em 6ºlugar no Brasileiro.

Política:

  • Fui Presidente da Comissão de Pilotos da Stock Car de 1980 até 1984 e nesse cargo, me preocupei muito com segurança e outros quesitos em que contribuíram para a evolução da Stock Car. No final de 1980, o “Coelho” – José Rubens Coutinho Romano-, foi eleito o presidente da ABPP (Associação Brasileira de Pilotos Profissionais).

Uma vitória obscura pelo saudoso e grande Avallone:
•          – Em 1981 ganhei aquela corrida de São Paulo em que o Avallone fez aquela lambança antes, durante e depois da prova…Ele até foi parar na delegacia! A Rede Bandeirantes transmitiu tudo ao vivo e no dia seguinte, os comentários da prova foram muito mais sobre o grande Avallone do que sobre meu 1ºlugar… Obtive outra vitória em Guaporé e ao final do ano me classifiquei em 4ºlugar (equipe Rede Bandeirantes/Smirnoff/TransBrasil).
Portugal viu a tecnologia do álcool:

  • – Em 1982 organizei e concretizei duas corridas (nos dias 03 e 18/07) da Stock Car em em Portugal-Estoril. Levamos 20 Opalas, sendo 16 com pilotos brasileiros e quatro portugueses, o que proporcionou alguma repercussão lá em Portugal. As corridas foram transmitidas ao vivo pela TV Bandeirantes. Os carros, peças, motores e motores reservas foram de navio em dois contêineres e tudo de graça, pois eu arrumei patrocínio para tudo: pneu, hotel, passagem aérea, álcool, etc; tudo de graça. Os pilotos levaram suas esposas: Wilsinho, Paulo Gomes, Lara Campos, Ingo Hoffmann, todos eles foram com suas respectivas mulheres. Ficamos quase 20 dias e fizemos duas corridas. Ficamos num hotel no próprio autódromo de Estoril. Foi completamente diferente do que é hoje o automobilismo. Hoje tem algumas pessoas que estão enriquecendo com o nosso automobilismo e a nossa idéia naquela época era fazer com que aquilo fosse esporte, não era para comprar… Essas coisas no automobilismo, aqueles que estão lá desde aquela época fazem um pouco de força, às vezes, para esconder a incapacidade de fazer as coisas hoje em dia. Hoje em dia só pagando, pagando, pagando… Hoje em dia ninguém tem uma idéia de fazer assim; desta forma….

A capotada mais famosa da Stock Car:

  • – Voltando de Portugal na primeira etapa, tive aquela famosa capotada, a maior que já teve na Stock Car. Foi uma corrida estranha essa aí… Eu estava em 1º. Faltava uma volta para ser 2/3 da corrida e eu estava em 1° 22” na frente de Wilson Fittipaldi -2° colocado- que era da minha equipe. Aí os carros eram meus, a equipe era minha e o Wilson era contratado na minha equipe. O Peru – diretor de prova- que já morreu e tinha grande amizade com Carpinelli- era muito bom sujeito. Ele achou que ia chover pois caíram alguns pingos na Curva 3. Aí ele deu bandeira vermelha –sem necessidade- e a corrida foi paralisada e todo mundo foi para o Box. Não choveu, largamos de novo com uma volta a menos. Eu larguei em 1° e nem largou o Wilson. Largou o Afonso Giaffone em 2º. Aí, na segunda volta após essa nova largada, eu estava em 1° e o Afonso bateu em mim na Curva 4: eu dei aquela capotada que até foi chamada do Show de Esportes por muitos anos. Foram 7 ou 8 viradas! O carro acabou inteiro. Sobrou só câmbio, motor e diferencial. Quinze dias depois tivemos uma corrida em Porto Alegre eu fiz a melhor volta da prova com um carro absolutamente novo. No campeonato, venci a 4ªetapa, em Interlagos.

 

Campello na TV:

  • – No ano seguinte corri no Campeonato de Marcas e fui Diretor de Esportes da TV Bandeirantes. Foi um ano antes de o Luciano do Valle colocar o programa Show do Esporte.  Quando entrei na Bandeirantes tinha só o programa Gol, Grande Momento do Futebol do Alexandre Santos e só a Stock Car. Aí eu coloquei uma grade das 11:00 da manhã até as 23:00 horas, já com só esporte no domingo que o Luciano deu seqüência no ano seguinte, como diretor de esportes. Numa ocasião tive o prazer de receber a visita do Carpinelli lá… Creio que a última ou uma das últimas corridas que fiz foi as Mil Milhas de Interlagos de 1986, com Pedro Queiroz Pereira e Luís Osório, quando finalizamos em 9ºlugar.

O erro atual:

  • – Gosto muito de ver o sucesso que teve a Stock Car. Mas acho um grande absurdo a Stock Car ter dono. Acho que ela deveria ter um regulamento e não ser essa barbaridade de uma pessoa só ganhar dinheiro. Gosto muito do Zeca, mas é uma barbaridade custar R$ 19.000,00 o aluguel do motor por corrida, sendo que ele fica com todo o lucro da categoria. Um motor desses nos Estados Unidos não custa mais do que U$ 20.000,00. O certo seria da seguinte maneira: uma equipe boa compraria de 2 a 4 motores, gastava sessenta a oitenta mil dólares, que comparado ao aluguel é uma mixaria e cada um preparava seu motor dentro do regulamento, como são todas as categorias top do mundo. Por exemplo: se eu quiser fazer uma equipe com meu filho, vou à oficina, compro o chassi necessário, compro os motores como citei, passo a ler e entender o regulamento, preparar e ir lá tentar me qualificar no grid. Isso barateia, temos muitos trabalhando, pois contrato meu mecânico, como o Zereu que é meu amigo até hoje, o Anésio Hernandes, o Washington Bezerra, meu melhor amigo até hoje. Se podem largar 30 carros e eu não me qualificar para o grid, não corro, se conseguir ficar entre os 30, mérito para nós e vamos para a corrida ! É simples e competitivo assim.  Como era antigamente e não como hoje que cada um tem seu lugar cativo na categoria.Então isso, em minha opinião, está completamente errado. É uma coisa que eu vejo com maus olhos o automobilismo, pois privilegia maus pilotos e que têm dinheiro. Gente que consegue patrocínio e tem vaga reservada.

Bons Tempos:

  • – Quando o automobilismo era da maneira relatada acima, havia muito mais espaço para ter mais preparadores de motores, tais como, Camilinho, Washington, o Anésio e outros. Da maneira que é atualmente, você fica limitado a um cartório. Ou é o motor do Zeca Giaffone ou é o carro que o Zeca faz ou você não corre. Assim privilegia-se o dinheiro e não o piloto. Não temos mais Fórmulas no Brasil, não temos mais criação de pilotos. A maioria da molecada quer ir hoje direto para a Stock Car, que no meu ponto de vista, só tem uns 12 ou 13 pilotos e o resto são figurantes. É uma categoria que limitou a criação de pilotos. Acabaram com as fórmulas e o Turismo ficou elitista. Antigamente no automobilismo fazíamos uma Mil Milhas, ou 25 Horas largavam 50 carros com 3 pilotos, totalizando 150 pilotos. Hoje em dia isso está impedido. Eram condições românticas e melhores possíveis. Não tínhamos a tecnologia que temos hoje, mas era um automobilismo muito mais competitivo e interessante do que o de hoje em dia. Eu ganhei entre 15 a 20 corridas entre Stock Car, corridas longas, em Goiânia, Porto Alegre, Estreantes e Novatos e hoje só tenho as taças . E as taças antigamente eram minúsculas. Não eram que nem hoje que tem grandes patrocinadores. Hoje é outro enfoque.

Campello, o veterano:

  • – Quando eu parei de correr, em 1986, já era caro correr, não como hoje, mas era caro. Meu patrocínio forte era a GM. O Opala ficou obsoleto e a GM – que patrocinava a Bandeirantes e a Bandeirantes me retornava uma parte deste- desistiu do patrocínio. E eu fiquei sem esse patrocínio. Já era caro e eu que sempre larguei entre os seis primeiros, passei a andar lá trás. Isso não me atraia e aí eu parei de correr. A GM só voltou em 1991-1992, com o Omega.

Sem mágoas:

  • – Hoje não freqüento corridas, pois não gosto das coisas que estão ocorrendo. Primeiro eu não tenho uma credencial decente não por eu ter sido o criador dela, mas por ter levado a televisão para a Stock Car, levar ela para Portugal, correr na Europa a álcool. Nunca tinha tido uma corrida a álcool na Europa. Eu acho que eu deveria ser tratada melhor. Mas logo eles também caem no ostracismo e a morte leva todo mundo embora né? Não é uma mágoa não.

O dinheiro:

  • – E nas outra categorias –onde tenho amigos- quem são os pilotos? São milionários que resolveram correr com quase 40 anos de idade. O que isso está fazendo de útil para o automobilismo brasileiro? O piloto hoje corre e treina muito pouco. Um ou outro vai para a Europa ou Estados Unidos. Só os que têm os pais envolvidos. O resto é quem só tem muito dinheiro. Então é o automobilismo que não cria novos valores. Vai correr de que?

 

 

Estou em paz, feliz e orgulhoso:

  • – Mas eu me sinto feliz. Eu não pensava em campeonato e pensava em corrida. Eu não tinha receio de botar piloto bom como companheiro de equipe. Só teve craque: Antonio Castro Prado, Wilsinho, Ingo, Girotto, Bragantini, Alex Dias Ribeiro, Guaraná e por aí afora. Nunca nenhum brigou comigo dizendo que eu estava sendo protegido na equipe. O carro do cara era igualzinho ao meu. Eu cansei de tirar pole, andar na frente, mas só que, às vezes, o carro não agüentava o tanto que eu acelerava e cansei de tirar 2º, 3º; e achei que fiz tudo com eficiência. E me orgulho de ter levado a Stock Car para a televisão, de ter influenciado a GM para entrar no automobilismo e por ter levado 20 carros para Portugal e mostrar na Europa a tecnologia de álcool. E estou satisfeito com a vida: quatro filhos, quatro netos e vou levando com minha fazenda em Guarantiguetá. E é isso aí. Fiquei satisfeito com o automobilismo e acho que ele deveria ser mais bem tratado. Algumas pessoas não perceberam que a ganância mata a galinha dos ovos de ouro.  O Kart no Brasil está acabando e os fórmula´s? 12 no grid é ridículo.


Ultimas Notícias:

FASP
Federação de Automobilismo de São Paulo

Rua Luiz Góis, 718 – Vila Mariana
São Paulo – SP – 0443-050
CNPJ: 62.501/0001-65

(11) 2577-0522

(11) 94790-7787

FASP