Arlindo Romero cria ventilador de baixo custo a partir de peças usadas
A demanda crescente e inesperada por ventiladores e a falta de opções de baixo custo e fácil manutenção levou Arlindo Romero a desenvolver uma solução caseira que está prestes a ser utilizada pelo serviço médico de Ubatuba (SP) e possivelmente da organização Médicos Sem Fronteiras. O equipamento é um item importante no tratamento de pacientes contaminados com o Coronavirus e foi construído a partir de um motor de limpador de para-brisas e outras peças encontrados nas prateleiras de sua garagem.
A criação do engenheiro paulista já recebeu vários aperfeiçoamentos decorrentes de um processo de análise e avaliação que teve a participação de profissionais de saúde de diversas áreas e tem boas chances de ser adotado por serviços públicos de saúde.
“Com ajuda de uma amiga eu consegui dados básicos como volume de ar necessário para cada ciclo, velocidade de inspiração e expiração e a pressão máxima de inspiração”, explica Romero.“Isso permitiu que eu fosse ajustando o projeto. Com o uso de um manômetro e um cronometro fui testando o ventilador com uma bexiga dentro de um balde d’água e consegui chegar nos parâmetros usados no dia a dia por profissionais de saúde.”
O processo de desenvolvimento espelha a filosofia adotada por este engenheiro de 57 anos para criar o artefato. Ele preferiu enveredar por um caminho oposto ao adotado em propostas semelhantes e evitou soluções baseadas em eletrônica e sensores. Após pesquisar o funcionamento básico de um ventilador ele iniciou seu trabalho a partir de um motor de limpador de para-brisas, uma fonte de energia de um antigo computador pessoal e dois dimmers (potenciômetros usados para regular a intensidade de luz em luminárias). O protótipo foi apresentado à prefeitura de Ubatuba e a agentes intensivistas de saúde, que recomendaram pequenas alterações no projeto para facilitar sua higienização, manutenção e operação.
O custo do ventilador de Arlindo Romeo, considerando apenas os materiais necessários para sua construção ficou em torno de R$ 700, número que pode ficar ainda mais acessível em função dos ganhos decorrentes de uma produção em larga escala. Uma fábrica de autopeças e o empresário e Thiago Marques, promotor da categoria Sprint Race, já demonstraram interesse em colaborar para que o equipamento entre em produção. A organização não governamental Médicos Sem Fronteiras também demonstrou interesse no equipamento e conversa com Romero para possível adoção em regiões remotas do planeta, em particular na África, onde a relação de ventiladores por paciente é na cada de uma unidade a cada 500 mil habitantes.